sábado, 21 de fevereiro de 2009

Haja esperança!

Já aqui escrevi sobre a situação dramática que se vive na Prafil, em Paços da Serra e sobre a maneira mais obvia de lidar com o flagelo que é o desemprego.
O que por lá se passa agora, já outros sentiram, sejam os ex. trabalhadores dos Bellinos ou da antiga têxtil Lopes da Costa. E fico-me por aqui, no que respeita a mais exemplos.
No jornal cá da terra, na edição de ontem, surge uma carta de um funcionário da Prafil. Acreditem que senti um 'arrepio' na espinha ao ler o seu texto.

Deixo-vos aqui parte dessa carta:
"Pediram-nos flexibilidade de horário, aceitámos. (...) Pediram-nos, várias vezes, compreensão no atraso de pagamentos, confiámos nas justificações da administração e também na ilusão de uma recuperação da empresa."
"Trabalhamos e não recebemos. Só quem passa por este sofrimento sente a revolta contra quem dirige e governa. Que fazer? A solução passa pela imigração caminho que têm seguido muitos Gouveenses."
"Gouveia é hoje um Concelho de desempregados e de idosos."
"A nossa Câmara Municipal anda muito preocupada com a caçada aos javalis, com as feiras, com o entrudo e com festarolas onde se gastam fortunas, dinheiro dos impostos de todos nós e, assobia para o lado quando se levantam problemas no encerramento das empresas? Tenho que reconhecer que não foi assim no tempo do Dr. Alipio de Melo ou de Santinho Pacheco. "
"Pelo menos, nesse tempo, ainda havia preocupação de dialogar com patrões e empregados, interceder junto do governo para ajudar a resolver os problemas."

Perante tanta incerteza e a realidade negra da situação é preciso que a esperança renasça, qual luz ao fundo túnel.

Será que já percebem o quero dizer quando falo em politica de afastamento das pessoas?

5 comentários:

  1. Caro Ribeira, pelos comentários que lhe conheço concluo que continua com um entendimento enviesado da realidade. Existe em todos eles, o sinal de uma azia não curada, com sensivelmente 7 anos e meio. É fácil e lamentavelmente demagógico servir-se das situações menos felizes de outros ("patrões e empregados") para fazer política rasteira.
    Só porque o Presidente da Câmara não foi vedeta de televisão em dia de greve?
    O Sr. sabe que a situação não é nova, nem desconhecida de quem Governa o Concelho, e que não se resolve apenas com hipócritas demonstrações de solidariedade. Esta situação
    é sempre dramática para todos, é certo, mas há que ouvi-los no melhor momento para que a esperança renasça ou não. A realidade é infelizmente, na grande maioria das vezes, crua e muito fria.
    Tão fria quanto a da Bellino e Bellino que o Santinho Pacheco salvou recorda-se? Ou da Textil Lopes da Costa, salva por Alípio de Melo recorda-se? Ou se ainda quiser da Sociedade Industrial e tantas outras que o esmero das governações socialistas do concelho salvou.
    Todas elas empresas prósperas hoje em dia, não é verdade?
    Meu caro, a política de proximidade às pessoas faz-se com soluções para os seus problemas. De si também gostaria de ouvir algumas, mas...
    É mais fácil fazer o aproveitamento político das desgraças dos outros, com o intuito de arregimentar simpatias.

    ResponderEliminar
  2. Até que ponto pode o Estado (autarquia ou governo), intervir nas actividades económicas com eficácia e justiça? Trata-se de facto de uma questão não só de âmbito local, como também de âmbito nacional e internacional. Os governos centrais têm optado como método para solucionar a crise financeira, a injecção de capitais nos bancos privados.
    No caso da prafil o seu problema de solvência, só poderia ser solucionado a curto prazo por uma injecção de capitais. No entanto deste tipo de soluções decorrem duas grandes questões. Por um lado a questão de definir critérios justos para o fazer. Como decidir em relação a quais as empresas o fazer? Não nos podemos esquecer que se trata de utilizar o dinheiro dos contribuintes para salvar uma empresa privada. Não nos podemos esquecer que existem várias empresas em dificuldades e que a autarquia não pode ajudar todas.
    Por outro lado torna-se necessário determinar até que ponto essa solução é eficaz. As dificuldades da empresa são um dado que não podemos ignorar. A sua insolvência pode ser resultado do mecanismo de selecção de mercado. Se esta não é viável dificilmente uma injecção de capitais a poderá salvar a longo prazo e manter os postos de trabalho ou criar perspectivas de crescimento. Correríamos o risco de criar uma empresa dependente de subsidiação estatal. Como pode a autarquia intervir com eficácia e justiça?
    JNS

    ResponderEliminar
  3. Sobre o 2º comentário, gostaria de dizer o seguinte: obrigado pelo seu comentário. As suas perguntas ajudam a esclarecer muito desta confusão. A eficácia e a justiça não são verdades universais! Agora o que se pede é bom senso! Ao Governo cabe tentar nas medidas dos posiveis ajudar financeiramente. às câmaras municipais cabe alertar e colocar-se dentro do processo, para que, com a eficácia possivel, consiga junto do governo, as ajudas necessárias.
    Agora é certo e sabido que se o Governo não ajudar, será dificil uma qualquer câmara municipal ajudar!Vamos esperar pelo bm senso, caso ele possa aparecer neste caso!

    ResponderEliminar
  4. Suponhamos agora que a câmara municipal se inteira do processo (se é que já não o fez) e consegue o financiamento necessário junto do governo, tal e qual como sugere.
    Será justo para todas as outras empresas do país nas mesmas condições não receber a mesma ajuda financeira? Claro que não.
    Será possível o governo ajudar financeiramente todas as empresas do país nas mesmas condições? Dificilmente.
    Estaríamos a falar de uma nacionalização em larga escala. De uma intervenção injusta como também de uma intervenção ineficaz. Visto que o têxtil local não está a conseguir subsistir por si porque não consegue competir com o têxtil importado.
    Ainda que esteja solidário com a situação difícil que estas famílias estão a enfrentar, dificilmente a autarquia ou o governo poderá solucionar o problema com sucesso. Não podemos continuar a responsabilizar o Estado (governo ou autarquia) por todos os problemas da economia num sistema de mercado. Não lhes devemos exigir intervencionismo a este nível porque é irrealista e ineficaz.
    Podemos exigir sim, melhores infra-estruturas públicas e estratégias de desenvolvimento que permitam prosseguir as apetências económicas naturais. Podemos sim, exigir mecanismos geradores de igualdades de oportunidades. Mas nunca exigir ao Estado que seja simultaneamente o regulador, o criador das normas e participante da economia. Caso contrário estaríamos perante uma economia estatizada, socialista, aquela que deixou péssimas recordações ao mundo no século XX. É preciso repensar até que ponto faz sentido o socialismo nestes termos nos nossos dias. É preciso pensar com bom senso.

    JNS

    ResponderEliminar
  5. Novamente concordo consigo. O estado não tem capacidade de 'deitar' a mão a todos, mas eu preocupo-me muito mais com uma fábrica no meu Concelho do que em qualquer outro. E certamente que o caro anónimo também! É neste sentido que falo. Mas também lhe digo, se existirem casos em que a ajuda seja mais importante do que neste caso (se é que podemos comparar), então que se ajude. Mas o Estado tem de ter a devida sensibilidade para uma economia como a do Concelho de Gouveia!

    ResponderEliminar