quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Águas do Zêzere e Côa em Gouveia

Segundo informação que retirei do site oficial (http://www.adp.pt/content/index.php?action=detailfo&rec=1846&t=Aguas-do-Zezere-e-Coa--SA), esta empresa é a concessionária do Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Água e de Saneamento de Águas Residuais do Alto Zêzere e Côa. Abrange actualmente os seguintes Concelhos: Aguiar da Beira, Almeida, Belmonte, Celorico da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo, Fornos de Algodres, Fundão, Gouveia, Guarda, Manteigas, Mêda, Oliveira do Hospital, Penamacor, Pinhel, Sabugal e Seia.
Realmente são muitos Concelhos, logo pode-se tomar como dado adquirido a sua qualidade de funcionamento. Para os mais interessados, poderão recolher mais informações especificas no dito site.
Mas o que me leva a escrever sobre esta empresa é o facto de ela estar a trabalhar com Gouveia. Logo, enquanto Municipe, tenho o direito e o dever de me inteirar sobre o assunto para que depois possa formular a minha opinião. Foi o que fiz.
Mas de um modo muito simples, mas sem querer considerar este assunto banal, eis o meu ponto de vista sobre a concessão que foi atribuída.
Gouveia 'concessionou' por um prazo de 20/25 anos (não tenho a certeza dos anos), a exploração de água do Concelho. Em contrapartida, a empresa ficou responsável pela manutenção de todo o sistema de transporte da água e ficou igualmente com a responsabilidade de construir todas as infra-estruturas necessárias ao tratamento da mesma.
Básicamente, foi isto que aconteceu. Tentei encontrar pormenores do contracto sobre Gouveia, para conseguir ser mais preciso, mas não encontrei em lado nenhum. Não coloco em causa o contracto nem tão pouco a legitimidade com que foi assinado.
O problema da água em algumas zonas do Concelho é uma realidade, logo era preciso uma solução. A Câmara Municipal optou pela 'privatização'. Eu não teria feito o mesmo.
Gouveia deveria ser dos últimos Concelhos do País a ter problemas de falta de água, mas mesmo assim tem. Nós, graças à nossa situação geográfica, temos excelentes nascentes onde poderiamos captar água e resolver 'internamente' o nosso problema, que tem mais intensidade no Verão.
O valor das captações é indeterminável. É uma riqueza ao alcance de poucos.
Se a ADZC vêm para cá e são eles que vão 'atrás' das nascentes para efectuarem novas captações, porque raio não seria o Municipio a fazê-lo?
Numa primeira análise, a decisão da Câmara é correcta, mas se pararmos para pensar, iremos encontrar algumas reticências, senão vejamos:
  • Todos os equipamentos e infra-estruturas que irão surgir da responsabilidade das ADZC, no final do contracto de concessão, estarão obsoletas (prontas para uma nova requalificação);
  • Em consequência do anterior ponto, a única opção que o Municpio terá no final do prazo de concessão é efectuar a sua renovação, logo os preços continuarão à mercê da empresa;
  • O custo que esta concessão terá para o utilizador será agravado mediante a vontade da empresa;
  • A certeza que todos temos é, ninguém dá nada a ninguém, e por isso me questiono sobre a opcção.
  • É certo que a Câmara não tem dinheiro para fazer tudo o que eles fizeram e se propõe a fazer de imediato. Mas poderia fazê-lo gradualmente e nas medidas do possível.

Foram pelo caminho mais fácil, oferecendo de mão beijada um dos nossos maiores recursos.

Porque uma coisa é certa: NO FINAL, QUEM PAGA É O POVO!

1 comentário:

  1. Em relação à gestão este bem público, sou contra a sua privatização, como aliás sou contra a privatização de outros serviços, estratégicos e de interesse Nacional, por duas razões fundamentais, senão vejamos:
    Ao criar uma empresa, seja ela de que espécie for, o principal objectivo do seu mentor e a linha forte do sistema liberal capitalista, é o LUCRO, e para que tal aconteça tudo serve. Assim, se sou eu que vou tratar as águas, só gasto 5€ em desinfectantes se de todo não poder gastar apenas 1€, e logo aqui estou a lucrar 4€, mais o ganho que estava garantido mesmo aplicando o desinfectante mais caro.
    A outra razão prende-se com o facto dos órgãos de fiscalização deste país não funcionarem de todo, logo, desinfectante na água nem vê-lo e tudo irá correr bem, mas mesmo que corra mal, sempre posso recorrer aos tribunais, o que significa que nada irá acontecer, veja-se, para dar apenas um exemplo, a (não) aplicação e a (não) fiscalização que foi feita, no que diz respeito aos fundos da União Europeia, aplicados na dita formação profissional.
    Depois as Águas de Portugal, empresa mãe das Águas do Zêzere e Côa, já tem um passado triste, veja-se o que já foi dito pelo Tribunal de Contas, a propósito da gestão dos dinheiros de todos nós:
    “O Tribunal de Contas (TC) considera que o Grupo Águas de Portugal (AdP) está a viver uma situação económico-financeira “débil”, e sugere uma reestruturação do sector. Uma auditoria do TC ao Grupo Águas de Portugal – que integra 65 empresas -, entre 2004 e 2006, revelou um resultado negativo de mais de 75 milhões de euros”.
    E mais “Apesar de prejuízos de 7,5 milhões de euros a empresa deu prémios de 2,3 milhões de euros.”
    E ainda “Gastos de 2,5 milhões na atribuição de viaturas”.
    Assim, já estamos a ver para que servem estas empresas, para dar prejuízo não na gestão da coisa pública, mas na gestão da coisa de meia dúzia, e o povo é que paga.

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