Manuela Ferreira Leite utiliza como grande argumento para defender as duas eleições em simultâneo, o combate à abstenção. Mas só ela vê esse objectivo, porque será? Obviamente que lhe dá jeito. O PSD é neste momento o maior Partido a nivel Autárquico. Irá recandidatar a esmagadora maioria dos seus Presidentes de Câmara e isso, só por si, levará a que saia beneficiada ao juntar a essas eleições as legislativas.
Hoje mesmo, os restantes partidos, mostraram ao Presidente que não querem esse cenário e apontaram alguns deles, a data de 27 de Setembro para decorrer as eleições legislativas.
Depois das eleições europeias, as sondagens ficaram descredibilizadas, não sendo por isso, em minha opinião, um meio de consulta do Presidente.
Agora, e depois de ouvidos os Partidos, apenas resta a Cavaco fazer com que Autárquicas e Legislativas, decorram em dias diferentes. A bem da democracia!
ENSAIO DE OPINIÃO EM DIA DE S.JOÃO
ResponderEliminarA prestação de José Sócrates no Parlamento esta tarde e de Manuela Ferreira Leite na SIC esta noite mostram que a pior coisa que pode acontecer ao PS é entrar em Julho continuando a defender os grandes investimentos públicos (3ª Travessia do Tejo, TGV, Aeroporto) enquanto o PSD se põe a falar do endividamento externo, do seu agravamento caso se avance neste momento com os grandes investimentos, e da necessidade de pequenos e médios investimentos de proximidade.
A pior coisa que pode acontecer ao PS é entrar em Julho com as obras de proximidade agrupadas e centradas em duas ou três grandes empresas e o PSD a defender que essas obras deveriam ser entregues uma a uma às diversas pequenas e médias empresas.
Os portugueses estão todos eles nas encolhas e mais ainda os perto de meio milhão de desempregados ou os empregados precários dos 500€/mês. Consequentemente aderem ao mesmo espírito em relação ao governo.
O PS pode ir para Julho com o espírito de contra-ciclo reiterando a necessidade de reagir, mas por causa do argumento do endividamento externo introduzido há um ano por Cavaco e agora agarrado por Manuela Ferreira Leite, esse espírito passará por megalomania, faraonismo, novo-riquismo e sobretudo voluntarismo insustentável. Sobretudo quando o governo por um lado recua (aparentemente adiando a decisão) por outro lado avança com as grandes obras como grande arma de combate à crise.
Por outro lado, em relação às medidas sociais que o PS deverá com naturalidade continuar a implementar para combater ou almofadar a crise social, o PSD inquirirá habilidosamente sobre a sua sustentação orçamental e ainda com o caminho do défice orçamental, segundo a OCDE (dados de hoje) a caminho dos 6,5% até ao fim do ano. O que vai questionar a pertinência do período da obsessão do défice dos primeiros anos da governação socialista, com resultados financeiros e económicos (contrários um ao outro) na altura, mas cuja eficácia se diluiu inteiramente no último ano.
Donde, mais valia o governo ter sido mau aluno o que foi, de resto, o que o PS disse do PSD quando MFL foi Ministra das Finanças e introduziu a obsessão do défice.
Para finalizar um dia de S.João politicamente trágico, demonstra-se o erro de atacar a comunicação social quando ela se torna incómoda, antipática ou mesmo injusta. Que condições tem a PT para entrar em força na TVI, sendo que o Estado dispõe nela de uma golden share, depois de ter feito da TVI, a par com o BE, obombo de festa do Congresso de Espinho? Se o negócio avançar, qualquer alteração da linha editorial será vista como uma intromissão estatal-governamental. Além de poder denunciar uma estratégia estatal-governamental de intervenção na comunicação social, pondo em causa a actual independência de alguns órgãos, até há muito pouco ligados à PT e desligados em negócios cujo dinheiro, afinal, vem sempre da CGD. Compras de gloriosos privados mas feitas sempre com o pêlo do mesmo cão. É o liberaloismo à portuguesa.
C.L
Somam-se indícios que sugerem o que parecia até há pouco inimaginável: Cavaco Silva prepara-se para entrar na luta partidária como verdadeiro chefe do PSD.
ResponderEliminarDe facto, é óbvia a conveniência do PSD em não enfrentar as eleições legislativas antes das autárquicas. Essa conveniência ditou a sua preferência por eleições no mesmo dia, uma vez que sabe que não estava ao seu alcance ter as autárquicas antes das legislativas. Em contrapartida, todos os outros partidos com assento parlamentar são contra essa ideia, já que ninguém gosta de entrar em competição contra um adversário a quem é dada uma vantagem de partida. Sabe-se que juntar as três escolhas autárquicas com a legislativa é um potencial factor de confusão. E sabe-se também como se casa bem com o ranço populista mais reaccionário, tudo o que apouque eleições e eleitos
Será pois uma inacreditável ruptura com a mais elementar moralidade republicana que Cavaco Silva faça o jeito ao seu partido de origem, contra a opinião de todos os outros partidos parlamentares.
Mas o que tornará esse infeliz evento, politicamente, repugnante é o facto de se invocar uma sondagem à opinião dos portugueses como possível justificação da decisão. Se fosse prática habitual do Presidente promover estudos de opinião para tomar as decisões políticas que considera importantes, estaríamos perante uma conduta insólita, mas cuja boa fé se podia admitir.
Todavia, se o Presidente nunca seguiu esse caminho, mas perante a necessidade de tomar uma decisão politicamente sensível, tenta justificar a sua decisão, coincidente com a sua preferência partidária, escondendo-se atrás do resultado de uma qualquer sondagem, deixa de estar a ser apenas tendencioso, passa a revelar uma grande hipocrisia.
Ainda me resta uma ponta de esperança de que Cavaco não enverede por esse vergonhosos atalho. Mas se o fizer, devemos reagir com clareza: ele deixará de ser um Presidente de todos os portugueses, para se tornar no simples capataz do laranjal, que assim passa a abusar do exercício do lugar institucional que ocupa.
Não podia estar mais de acordo com o comentário do anónimo da 1:53.
ResponderEliminarCaro anónimo 1:50, depois de tão longa apreciação do panorama nacional, a qual aproveito para agradecer, cabe-me apenas falar num dos pontos que introduziu.
ResponderEliminarA obsessão pelo défice por parte do governo do Engº José Socrates, permitiu que com o agravar desta crise internacional, Portugal pudesse resistir da melhor maneira possível ao cenário verificado. Mas quando vemos as poderosas economias europeias ou até mesmo a dos EUA, a caírem a pique, penso que não há mais nada a fazer.
Cumps
Caro anónimo 1:53 e 9:20, apenas dizer que estamos perfeitamente de acordo. Mas ao primeiro, agradeço-lhe o facto de ter perdido tempo (mais do que o normal) para mostrar os argumentos que sustentam as suas ideias.
ResponderEliminarCumps